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segunda-feira, 4 de abril de 2016

É vegan o suficiente?

Os mais extremistas dirão, uma coisa ou é vegan ou não é! Certo, mas... é assim tão simples?

Nem pensar! Primeiro a lista de ingredientes (aqueles que não percebemos nos rótulos!) é infindável, e seria necessário andar com um volume enciclopédico atrás para confirmar quais são de origem animal, sem contar com todos os outros que podem ser de fonte vegetal ou animal!

Logo... para ser vegan seria preciso uma verdadeira bíblia que listasse todos os ingredientes e definisse como fonte vegetal, animal ou de ambos! A seguir para cada produto que colocássemos no carrinho seria preciso uma pausa para análise dos ingredientes e confirmação dos mesmos na tal bíblia... e quando houvesse produtos que podiam ser de fonte animal ou vegetal entrar em contacto com a empresa...

OMG... já nem apetece ir às compras! esqueçam, ser vegan é muito extremista!

Até o açúcar pode ser processado com carvão animal... o quê? O açúcar não é vegan? E o óleo de palma que provoca a morte de orangotangos e a destruição massiva de florestas é mesmo vegan? (ver aqui e aqui )

Acabou de piorar... nem ver os ingredientes é suficiente?

O "quão vegan" uma pessoa decide ser é absolutamente pessoal, eu por exemplo evito de facto produtos com óleo de palma, mas também para mim é fácil porque compro poucos produtos processados! Mas e os vegan que gostam da sua bolachinha? Devem limitar ainda mais a sua escolha?

Vale mesmo a pena perguntar num restaurante se põem manteiga no arroz e por isso não comer?

Vale mesmo a pena não comer aquele prato que a tua família fez para ti com becel porque achavam que era vegan? 

Vale mesmo a pena recusar as bolachas com óleo de palma que a tua amiga comprou porque eram vegan?

E por aí em diante... 

A minha opinião (muito pessoal) é não! Acho que temos de ser realistas, estas pequenas recusas não vão causar qualquer impacto na nossa causa e irão apenas fomentar a ideia que o vegan é um extremista, que ser vegan é proibitivo... Não queremos isso! 

O maior impacto que um vegan pode ter é sensibilizar os outros, qualquer alteração que consigamos é uma vitória... Tal como as peças de dominó que vão fazendo a próxima cair, nós devemos querer facilitar a vida de quem quer ser vegan, para que essa pessoa possa também passar a palavra e por aí a diante! Isso não se consegue sendo agressivo ou tomando posições extremistas que os outros não entendem e onde não se revêem.

Vamos ser sinceros, a única forma de sermos 100% vegan é o suicídio! Mas isso não me parece uma grande solução :D, por isso vamos focar-nos em ser eficazes! 

A ideia é "focar nas coisas que realmente importam e fazem a diferença", a criação de listas e regras extras só vão complicar e afastar as pessoas e a verdade é que se nos forcamos nos negócios primários (carne, ovos, lacticínios, mel...) vamos ter muito mais impacto e quando estes mercados acabarem os subprodutos (os tais que dão azo aqueles nomes de ingredientes estranhos) vão acabar porque só por si não são economicamente sustentáveis!

Cada um irá ao extremo que lhe for confortável, se quer ir ver todos os ingredientes óptimo, nada contra, mas quando passarem a mensagem façam um esforço para simplificar, os animais não ganham nada por afastarmos pessoas do veganismo ou vegetarianismo ou mesmo das segundas feiras sem carne!

Cada passo que dão na direção de uma vida que não promova sofrimento é de salutar, como uma criança quando dá o seu primeiro passo bamboleante, porque é esse que vai servir de base a que um dia seja capaz de correr!

Boas veganices!





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