Voltando um
pouco ao início, eu referi logo no meu post de apresentação que uma das
motivações deste blog tinha a ver com a minha "descoberta"
dos benefícios de comer comida de verdade, hoje gostava de falar um
pouco mais sobre isso e talvez tentar explicar-lhes o meu percurso.
Não estava e
continuo sem estar, bem certa ao relação ao quanto atrás devo ir... mas mesmo
correndo o risco de este post ser mesmo muitooooo xatoooo, vou começar mesmo no
comecinho!
Sempre fui
uma criança comilona e como tal, apesar de mexida, bastante gorduxa!
Claro que tive bastantes variações no peso quando era miúda, influenciada pelos
diferentes ritmos de crescimento, mas também parei cedo de crescer para cima
(tenho 158 cm), e como tal o crescimento para o lado acabou por ganhar!
Com vinte e
poucos e com algum excesso de peso (não estou certa mas devia ter uns 63 kg),
decidi fazer a dieta D10, não sei se conhecem, mas basicamente é uma dieta em
que só se come carne e mais carne, portanto rica em proteína e
gordura mas nada de hidratos! Resultado: foi ver o peso a desaparecer e eu
cada vez mais deprimida (e olhem que sou uma pessoas bastante feliz), esta
dieta fazia-me chorar por tudo e por nada e apesar de estar a ficar mais magra
não me sentia nada mais feliz! Mandei tudo ao ar e toca de comer, aiiii o meu
corpinho quando voltou a apanhar hidratos passou-se completamente! Ganhei o
dobro do que tinha perdido em muito pouco tempo.
O tempo foi
passando e o peso foi-se lentamente instalando no meu corpo, uma coisa muito
gradual mas consistente, derrepente eu tinha 73 kg (relembro que tenho 1,58
cm!)! Nesta altura eu tinha desistido, mesmo a sério! Pensei ok é assim que vai
ser, a minha família ama-me e pronto... Não saía muito, escondia-me
numa vida metida em minha casa ou de familiares, onde me sentia bem, sem ligar
ao que vestia (quanto mais largo melhor!).
Ao fim de
semana isto era fácil, mas durante a semana continuava a ter um emprego
para enfrentar, continuava a ter colegas e a ter que usar "roupinha de
escritório", que por mais que substituísse não parava de ficar
apertada.
Não sei
explicar porquê, mas decidi dar um basta! E foi mesmo de um dia para o outro,
inscrevi-me num ginásio e comecei a ir TODOS OS DIAS! Acordava às 5h30 da
manhã, apanhava transporte para Lisboa, fazia 1 hora de ginásio e ia trabalhar.
Ao mesmo tempo fiquei atenta ao que comia… cortando basicamente nas calorias
que consumia.
Comecei a
emagrecer, a sentir-me melhor, passado uns kg e com dificuldades em perder mais
(platô) consultei uma nutricionista, cheguei ali aos 59/60 kg.
Entretanto
fiz exames e pumba triglicéridos altíssimos, a médica a dizer que era uma
questão genética que não havia nada a fazer (já que a alimentação era “de dieta”
e era "boa"), deu-me uma mediação diária para tomar para o resto da
vida, os efeitos secundários eram muito chatos, sempre que tomava sentia a pele
a queimar e a picar.
Por esta
altura abracei o veganismo e mudei de ginásio, para um de ferro, treinei e comi
(a versão vegan) como eles me indicavam. Nesta fase posso dizer que treinava
bastante duro, sempre com acompanhamento, apenas musculação e nada de
cardio e também comia que nem uma besta! (nada de porcarias, mas em grandes
quantidades) E assim cheguei aos 54 kg, peso mais baixo que já tive enquanto
adulta.
Novas
análises, trigliceridos muitoooo baixos, estranho.... tirar a medicação, novas
análises... aléluia!!! que estava curada da doença genética! Queres ver que
afinal a alimentação pode curar? (porque será que os médicos se recusam sempre
a acreditar que a alimentação pode fazer diferença? e nos querem é encher de
comprimidinhos mágicos!)
A seguir? A
seguir estraguei grande parte do trabalho, houve alterações na minha vida
pessoal, deixei aquele gym, comecei a comer mais vezes fora (comecei a
comer lacticínios aqui e ali para agradar) , enfim, erro atrás de
erro, serviu para duas coisas: ficar com cerca de 65kg e entender que se algo
nos dá prazer e se é importante para nós então não devemos abdicar nunca!
Entretanto
voltei ao gym e a uma nova nutricionista, com o objectivo de correr uma
maratona... Emagreci rápido, cheguei aos 59... fiquei fraca, tão fraca que
desisti do treino para a maratona depois de uma corrida infernal de 31km!
(ainda duas semanas antes tinha corrido 29km sem problema, com o detalhe que
tive em casa dos meus sogros nos dois dias antes da corrida e por isso me enchi
de bela comida e não fiz qualquer dieta!) Concluindo desisti da maratona,
desisti da nutricionista que me fazia passar fome (sim fome! 1 colher de chia e
3 amêndoas não fazem um lanche!) e rapidamente voltei aos 65kg.
Durante o
ultimo ano nunca parei de fazer exercício, corri e fui ao gym, apesar de
não ser muito certa pelo menos 3 treinos por semana acabei sempre por fazer. A
minha alimentação foi sempre vegan, mas descuidada!
Nos últimos meses
comecei a ler mais, a pesquisar mais, a pensar que não havia razão para
continuar com este peso extra, com saudades de caber na roupa
daquele período da minha vida em que tive de facto em forma!
Eu só
pensava que raio tenho de errado que não consigo fechar a boca e comer
menos? Eu gosto de comer, alias eu adoro comer e não queria perder esse
prazer! Quanto ao controlo de porções sempre foi complicado para mim! (gosto de
me sentir cheia quando acabo de comer)
Hoje posso
dizer que percebi, o erro não está em
mim, mas sim no que eu comia, que não me permitia sentir saciada! Que o
consumo excessivo de calorias engorda, bem... acho que não há duvidas! Que
é possível ficar bem cheio sem consumir calorias excessivas... também
não há duvidas!
Foi esse o
caminho que eu segui!
No inicio de
setembro eu tinha 64,8kg, no principio de outubro sem nunca nunca passar fome e com exercício numa média de 3x
semana, tinha 61,4kg. Não, não é milagroso, a perda é muito gradual e lembro-me
de pelo menos 2 semanas em que não perdi nadinha, mas... foi sem custo, sem
vontades doidas de comer e não poder, sem sofrimento, a sério que sim!
Agora… agora
não faço ideia quanto peso, abandonei a balança, a primeira semana foi horrível,
sentia-me a engordar só por não me pesar, por não ter aquela confirmação que
tudo estava bem, mas resisti, disse a mim mesma que o meu peso não me define!
Como bem, a roupa está LENTAMENTE a ficar folgada, sinto-me bem… então porque
pesar-me? Que diferença faria? O que diria a mais (ou menos) de mim enquanto
pessoa?
Acredito que
isto é algo que consigo manter para o resto da minha vida, como bem, sinto-me
forte, sinto-me cheia quando como (e não tenho vontade de comer porcarias!).
(vale mil vezes mais perder o peso devagar de forma saudável e sustentável que
perder tudo muito rápido e passado 1 ano já estarmos outra vez com o peso todo
de volta e talvez com mais um bocadinho!)
Também me
sinto com bastante energia (o que desafio alguém a dizer que sentiu o mesmo com
essas dietas sem hidratos ou com pouquíssimas calorias), como tal
resolvi voltar a treinar a sério!
Quero
partilhar aqui algumas ideias/dicas e espero mesmo poder ajudar alguém!!! Se
puderam fazer algum exercício melhor, basta uma caminhada diária para
fazer a diferença!
Mas... mesmo
que não mudem mais nadinha, se deram uma oportunidade à comida de verdade, vão
ter resultados e vão estar saudáveis e sentir-se fortes (e cheios),
vai fazer diferença! Tenho a certeza disso!
Boas
veganices!